A História
Estamos diante de uma real
história de vida do equilibrista Philippe Petit, famoso por atravessar as
Torres Gêmeas usando apenas um cabo. Mesmo sem ter autorização legal para a
arriscada aventura, ele reuniu um grupo de assistentes internacionais e contou
com a ajuda de um mentor para bolar o plano, que sofreu diversos obstáculos
para poder ser finalmente executado. A travessia ocorreu em 7 de agosto de 1974
e ganhou destaque no mundo inteiro.
Razões para
continuar Escrevendo
O
motivo de ter começado a escrever este blog foi o de poder me aproximar o
máximo que conseguisse do sentimento, emoção, afeto e do valor que as imagens
que chegam até mim carregam. Se vir a um filme, ouvir a uma música, ler a
um livro ou tiver alguma percepção da realidade que amei e que tenha me
transmitido algum significado e sentido, então, irei querer muito
compartilhá-la. Seja de que natureza for. Quanto mais simplicidade tiver o que
me tocou, mais belo será. Um sorriso de um bebê, um abraço de um amigo, um
poema que fiz ou uma decepção que tive... Coisas desta ordem, tipo, categoria e
expediente.
E falar sobre o filme A
Travessia é muito disso.
É
falar de sua experiência diante de um momento. As palavras são poucas,
insuficientes, ingratas também, por não serem completas... mas, mesmo assim,
tentamos alcançar nossa voz através da procura de sentido na vida e de,
principalmente, autenticidade pelo gosto de viver a vida que Deus nos
ofertou sacrificialmente.
“Você acredita em milagres, rotineiramente, meu
caro?”
Uma
das condições para que se aconteça o milagre, é acreditá-lo. Fácil de dizer,
difícil de praticar. Às vezes o milagre acontece espontaneamente; às vezes, ele
ocorre através de uma certeza das coisas que não se veem. Atributos da fé
que, a rigor, nada compreendemos.
Já percebeu que a vida ganha um
destaque quando eventos deste porte nos acontecem? Geralmente, as palavras milagre,
impossível, loucura, extraordinário, insensatez e Deus,
caminham todas juntas em uma direção semelhante. Porque se tratam de são
atributos qualitativos muito próximos, quando nós passamos a analisar
minuciosamente os fundamentos da alma. Deveria ser sempre assim. É preciso
muita loucura para participar de um milagre; de algo assim de natureza tão
irracional.
“Dois Amores.”
Normalmente,
as histórias são contadas de forma simples. A partir de então é que as
complexidades ou complicações se apresentam. Preciso fazer uma decisão que nos
ajudará no exercício de concentrar-se para alcançar um sonho. Primeiro,
precisamos decidir entre canalizar a nossa energia e distribuí-la. Quando
canalizamos a nossa energia, passamos a ter um enfoque tremendo em direção a um
alvo; e assim, portanto, alcançamos o impossível se verdadeiramente nos
dedicarmos. Quando distribuímos a energia existente em nós, passamos a
compreender a nossa existência de uma maneira mais totalizante. Isto significa
que entendemos que a vida não é só isso ou aquilo; isto porque a vida passa a
ser mais vivida quando aprendemos a administrar o nosso tempo com aquilo que
mais nos consola. Tanto a canalização de energia como a distribuição de
energia, são elementos relevantes para a formação do nosso Ser. Precisamos
saber e definir sobre quais amores distribuirá e canalizará a nossa energia.
— “O amor custa caro e nunca deveríamos tentar torná-lo barato. Nossas más qualidades, nosso egoísmo, nossa covardia, nossa esperteza mundana, nossa ambição, tudo isso quer persuadir-nos a não levar a sério o amor. Mas o amor só nos recompensará se o levarmos a sério.” (Carl Gustav Jung, Civilização e Transição.)
“Cheio de
dúvidas.”
Quem
nunca esteve com dúvidas sobre a sua crença vital? Sobre aquilo que mais te tem
sustentado na vida? A vida vez ou outra nos impulsiona a questionarmos nossa
existência. Fazendo com que lidemos com nosso limite. O questionamento faz
parte da naturalidade da vida. Questionar é saudável uma vez que passamos a
considerar a possibilidade factual de que algo pode não acontecer. Porque é
legitimamente possível que aquilo que mais gostaríamos que acontecesse, não
aconteça, correto? Pensar no contrário te ajuda a se concentrar, considerar e
reconsiderar aquilo que gostaria de adquirir no momento. Te ajuda a entender.
Philippe Petit queria obedecer às inclinações de sua alma que o constrangiam a
cometer uma atitude altamente perigosa e inacreditável. Ao obedecer ele teve de
inevitavelmente enfrentar o seu limite.
“Nós temos um problema.”
Sempre
quando estamos diante de um sonho, as manifestações contrárias a esse sonho são
expressas com força máxima. Isto te ajuda a se equilibrar em cima da situação,
Te ensina a se manter de pé: Calmo e sereno. Os problemas desta vida nos
impulsionam e empurram violentamente para a direção contrária ao alvo que
almejamos alcançar. Isto pode tanto nos deixar vulneráveis como pode nos deixar
mais fortes. Dependerá de sua dedicação e empenho. Os problemas vão
aparecer, isso é fato. A pergunta será O
que faremos quando estivermos, finalmente, realizando os nossos sonhos? Iremos
desistir? Sentiremos medo e daremos meia volta? Iremos em frente sem olhar para
baixo? Olharemos para baixo para admirar a paisagem? Essas são as nossas
decisões.
“A Travessia.”
Atravessar de um Ponto A
(→) para um Ponto B (→) é
o que mais nós fazemos na vida. Nós nos deslocamos entre pontos. A vida é
vivida assim. Em um momento estamos com a mente/intelecto no Ponto A (→),
porém, o coração/alma reside no ponto B (→). É involuntário. Não controlamos nada disso. A
vida está cheia de Travessias a serem feitas. Só nos resta dar e,
principalmente, querer dar o primeiro
passo. O momento da Travessia, poeticamente demonstrada no filme, é o momento
chave do enfrentamento do problema. Este problema é um problema e solução do
problema, simultaneamente. É um problema por ser este algo de difícil (beirando
ao impossível) acesso e controle; e este o é a solução por ser o único e mais
perfeito caminho/obstáculo a ser conquistado. É o único caminho. Depois que ele deu o primeiro passo, o passo seguinte virá naturalmente até que se complete o ciclo da vida.
“Eu me senti agradecido...”
Estar diante de um sonho é uma
tarefa de admiração deleitosa. Até mesmo os anjos aplaudem porque a vida pulsa
genuinamente como nunca antes houvera pulsado. É um deleite sobre-humano. É
delicioso. Estamos ao mesmo tempo fora de si e dentro de si. Estamos nos
desvendando a si mesmos. Situações assim nos fazem se sentir bem e confiar que
estamos sendo bem conduzir e guiados. Sentir-se agradecido é uma atitude que
atualmente está em falta. Preciso sentir-nos mais agradecidos pelos detalhes e
pelas formas destes detalhes. É certo que a raiz de nossos problemas está nos
incapacitando de sermos agradecidos. Porém, a graça que a vida representa é
maior do que qualquer espécie de adversidade. Precisamos plantar em nós a
semente da esperança fluida do agradecimento.
A belíssima
trilha sonora de Alan Silvestri transmite o sentimento mais genuíno e
verdadeiro que poderíamos alcançar. Da decisão de dar o primeiro passo surge a
confiança misturada com medo. Da “confiança cautelosa” passamos a olhar a situação com um segundo olhar. Para
alcançarmos precisamos ir ao encontro do vazio. No vazio é que passamos a
sentir a vida pulsar naturalmente. Conscientizamo-nos. Nossa alma está sendo
preenchida pelo vazio e pelo preenchimento. Os anjos cantam e celebram a sua coragem de ir adiante.
A alegria toma conta porque você fez algo maravilhoso; algo que o medo te
consumia a não realizar.
— “Se nós não nos sentirmos agradecidos pelo que nós já temos, o que nos faz pensar que seremos mais agradecidos com mais?”
— “Eu ainda me lembro dos dias em que eu orei por coisa que hoje eu tenho.”
“Não existe um por que.”
Quando Philippe Petit foi
questionado sobre a razão de ter tomado uma atitude tão extraordinariamente
estúpida, ele responde que:
— “Não há razão alguma. Quando eu vejo uma chance de poder fazer aquilo que amo, eu não consigo resistir.”
Esta é uma resposta
interessante. Se você tem algo e alguém por quem viver, então, sua vida tem
sentido; agora, caso não tenha, de que valerá a luta? O enfrentamento da vida
estará desprovido de sentidos. Temos de ter um motivo, um amor, muitos amores,
para viver por isso, para isso, através disso e para além disso. Isto significa
dar uma chance para o amor.
— “Esta respiração que você acabou de ter... é um presente.”
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