10.18.2015

A TRAVESSIA




A História

Estamos diante de uma real história de vida do equilibrista Philippe Petit, famoso por atravessar as Torres Gêmeas usando apenas um cabo. Mesmo sem ter autorização legal para a arriscada aventura, ele reuniu um grupo de assistentes internacionais e contou com a ajuda de um mentor para bolar o plano, que sofreu diversos obstáculos para poder ser finalmente executado. A travessia ocorreu em 7 de agosto de 1974 e ganhou destaque no mundo inteiro.




Razões para continuar Escrevendo

O motivo de ter começado a escrever este blog foi o de poder me aproximar o máximo que conseguisse do sentimento, emoção, afeto e do valor que as imagens que chegam até mim carregam.  Se vir a um filme, ouvir a uma música, ler a um livro ou tiver alguma percepção da realidade que amei e que tenha me transmitido algum significado e sentido, então, irei querer muito compartilhá-la. Seja de que natureza for. Quanto mais simplicidade tiver o que me tocou, mais belo será. Um sorriso de um bebê, um abraço de um amigo, um poema que fiz ou uma decepção que tive... Coisas desta ordem, tipo, categoria e expediente.

E falar sobre o filme A Travessia é muito disso. 

É falar de sua experiência diante de um momento. As palavras são poucas, insuficientes, ingratas também, por não serem completas... mas, mesmo assim, tentamos alcançar nossa voz através da procura de sentido na vida e de, principalmente, autenticidade pelo gosto de viver a vida que Deus nos ofertou sacrificialmente.

“Você acredita em milagres, rotineiramente, meu caro?”




Uma das condições para que se aconteça o milagre, é acreditá-lo. Fácil de dizer, difícil de praticar. Às vezes o milagre acontece espontaneamente; às vezes, ele ocorre através de uma certeza das coisas que não se veem.  Atributos da fé que, a rigor, nada compreendemos. 

Já percebeu que a vida ganha um destaque quando eventos deste porte nos acontecem? Geralmente, as palavras milagre, impossível, loucura, extraordinário, insensatez e Deus, caminham todas juntas em uma direção semelhante. Porque se tratam de são atributos qualitativos muito próximos, quando nós passamos a analisar minuciosamente os fundamentos da alma. Deveria ser sempre assim. É preciso muita loucura para participar de um milagre; de algo assim de natureza tão irracional. 

“Dois Amores.”







Normalmente, as histórias são contadas de forma simples. A partir de então é que as complexidades ou complicações se apresentam. Preciso fazer uma decisão que nos ajudará no exercício de concentrar-se para alcançar um sonho. Primeiro, precisamos decidir entre canalizar a nossa energia e distribuí-la. Quando canalizamos a nossa energia, passamos a ter um enfoque tremendo em direção a um alvo; e assim, portanto, alcançamos o impossível se verdadeiramente nos dedicarmos. Quando distribuímos a energia existente em nós, passamos a compreender a nossa existência de uma maneira mais totalizante. Isto significa que entendemos que a vida não é só isso ou aquilo; isto porque a vida passa a ser mais vivida quando aprendemos a administrar o nosso tempo com aquilo que mais nos consola. Tanto a canalização de energia como a distribuição de energia, são elementos relevantes para a formação do nosso Ser. Precisamos saber e definir sobre quais amores distribuirá e canalizará a nossa energia.
 

“O amor custa caro e nunca deveríamos tentar torná-lo barato. Nossas más qualidades, nosso egoísmo, nossa covardia, nossa esperteza mundana, nossa ambição, tudo isso quer persuadir-nos a não levar a sério o amor. Mas o amor só nos recompensará se o levarmos a sério.” (Carl Gustav Jung, Civilização e Transição.)


“Cheio de dúvidas.”



Quem nunca esteve com dúvidas sobre a sua crença vital? Sobre aquilo que mais te tem sustentado na vida? A vida vez ou outra nos impulsiona a questionarmos nossa existência. Fazendo com que lidemos com nosso limite. O questionamento faz parte da naturalidade da vida. Questionar é saudável uma vez que passamos a considerar a possibilidade factual de que algo pode não acontecer. Porque é legitimamente possível que aquilo que mais gostaríamos que acontecesse, não aconteça, correto? Pensar no contrário te ajuda a se concentrar, considerar e reconsiderar aquilo que gostaria de adquirir no momento. Te ajuda a entender. Philippe Petit queria obedecer às inclinações de sua alma que o constrangiam a cometer uma atitude altamente perigosa e inacreditável. Ao obedecer ele teve de inevitavelmente enfrentar o seu limite. 


“Nós temos um problema.”




Sempre quando estamos diante de um sonho, as manifestações contrárias a esse sonho são expressas com força máxima. Isto te ajuda a se equilibrar em cima da situação, Te ensina a se manter de pé: Calmo e sereno. Os problemas desta vida nos impulsionam e empurram violentamente para a direção contrária ao alvo que almejamos alcançar. Isto pode tanto nos deixar vulneráveis como pode nos deixar mais fortes. Dependerá de sua dedicação e empenho. Os problemas vão aparecer, isso é fato. A pergunta será O que faremos quando estivermos, finalmente, realizando os nossos sonhos? Iremos desistir? Sentiremos medo e daremos meia volta? Iremos em frente sem olhar para baixo? Olharemos para baixo para admirar a paisagem? Essas são as nossas decisões. 

“A Travessia.”


 
Atravessar de um Ponto A () para um Ponto B () é o que mais nós fazemos na vida. Nós nos deslocamos entre pontos. A vida é vivida assim. Em um momento estamos com a mente/intelecto no Ponto A (), porém, o coração/alma reside no ponto B (). É involuntário. Não controlamos nada disso. A vida está cheia de Travessias a serem feitas. Só nos resta dar e, principalmente, querer dar o primeiro passo. O momento da Travessia, poeticamente demonstrada no filme, é o momento chave do enfrentamento do problema. Este problema é um problema e solução do problema, simultaneamente. É um problema por ser este algo de difícil (beirando ao impossível) acesso e controle; e este o é a solução por ser o único e mais perfeito caminho/obstáculo a ser conquistado. É o único caminho. Depois que ele deu o primeiro passo, o passo seguinte virá naturalmente até que se complete o ciclo da vida.



  
“Eu me senti agradecido...”

 
Estar diante de um sonho é uma tarefa de admiração deleitosa. Até mesmo os anjos aplaudem porque a vida pulsa genuinamente como nunca antes houvera pulsado. É um deleite sobre-humano. É delicioso. Estamos ao mesmo tempo fora de si e dentro de si. Estamos nos desvendando a si mesmos. Situações assim nos fazem se sentir bem e confiar que estamos sendo bem conduzir e guiados. Sentir-se agradecido é uma atitude que atualmente está em falta. Preciso sentir-nos mais agradecidos pelos detalhes e pelas formas destes detalhes. É certo que a raiz de nossos problemas está nos incapacitando de sermos agradecidos. Porém, a graça que a vida representa é maior do que qualquer espécie de adversidade. Precisamos plantar em nós a semente da esperança fluida do agradecimento.
  
A belíssima trilha sonora de Alan Silvestri transmite o sentimento mais genuíno e verdadeiro que poderíamos alcançar. Da decisão de dar o primeiro passo surge a confiança misturada com medo. Da confiança cautelosa passamos a olhar a situação com um segundo olhar. Para alcançarmos precisamos ir ao encontro do vazio. No vazio é que passamos a sentir a vida pulsar naturalmente. Conscientizamo-nos. Nossa alma está sendo preenchida pelo vazio e pelo preenchimento. Os anjos cantam e celebram a sua coragem de ir adiante. A alegria toma conta porque você fez algo maravilhoso; algo que o medo te consumia a não realizar.  

  
— “Se nós não nos sentirmos agradecidos pelo que nós já temos, o que nos faz pensar que seremos mais agradecidos com mais?”
 


— “Eu ainda me lembro dos dias em que eu orei por coisa que hoje eu tenho.”  

“Não existe um por que.” 





Quando Philippe Petit foi questionado sobre a razão de ter tomado uma atitude tão extraordinariamente estúpida, ele responde que:
— “Não há razão alguma. Quando eu vejo uma chance de poder fazer aquilo que amo, eu não consigo resistir.” 
 Esta é uma resposta interessante. Se você tem algo e alguém por quem viver, então, sua vida tem sentido; agora, caso não tenha, de que valerá a luta? O enfrentamento da vida estará desprovido de sentidos. Temos de ter um motivo, um amor, muitos amores, para viver por isso, para isso, através disso e para além disso. Isto significa dar uma chance para o amor.

— “Esta respiração que você acabou de ter... é um presente.”